JARDIM COM CERRADO - PRODUÇÃO EM VIVEIRO
Foto: Matheus Maramaldo
A Coordenação de Paisagismo e Dedetização (COPS) está apoiando o projeto de extensão na parte de logística e coordenação de atividades.
O projeto "Jardim com Cerrado - Produção em Viveiro" busca integrar pesquisa e extensão dentro do Viveiro-Escola PRC de maneira a criar uma rotina de busca ativa por novas espécies para uso ornamental do Bioma Cerrado, entendendo as possibilidades de produção e multiplicação. Especificamente pretendemos: A) Fazer prospecções em áreas de Cerrado da UnB, bem como áreas com vegetação nativa no Distrito Federal para coletar sementes e estacas; B) Realizar a identificação e pesquisas referentes a estudos de multiplicação destas espécies; C) Utilizar diversas técnicas de reprodução com o material colhido; D) Acompanhar cientificamente o desenvolvimento, com aplicação nos próprios jardins universitários. O projeto certamente trará novas possibilidades para os jardins da UnB, bem como dados e experiências novas a serem aperfeiçoadas na própria Academia e Gestão.
Mais do que propriamente uma extensão de imersão que visa a promoção de ciência, com seus resultados e métodos estritamente balizados, esta proposta visa uma aproximação com nosso bioma e uma busca contínua a divulgação e popularização na jardinagem das espécies de Cerrado. A justificativa está na própria palavra Cerrado, que é dita em todo discurso que tem sustentabilidade no Brasil Central, mas que empiricamente, é esvaziada pela ausência no mercado e nos viveiros - não temos uma paleta de espécies para os jardineiros e paisagistas, então como plantar Cerrado? Neste projeto, assim, esperamos que a comunidade, alunos, técnicos e professores tenham a oportunidade de experimentarem diversas formas de produzir o que não conhecemos ainda e que desejamos, mudas de plantas cerratenses de estratos baixos, criando protocolos que podem ser aperfeiçoados em pesquisas a parte da extensão. Claramente, os frutos irão para os jardins da UnB, mas esperamos que isso se popularize fora das nossas fronteiras e se torne algo cada vez mais comum nas prateleiras e leiras.
O Cerrado Brasileiro é um bioma complexo e ainda pouco estudado quanto a sua aplicabilidade, seja medicinal, seja ornamental, se tratando de um espaço geográfico com grandes disputas e avanços agropecuários e urbanos desde a década de 1920 (SIQUEIRA et al., 2021). Nesse sentido, percebe-se que a valorização de outros biomas (que não impede suas dilapidações ambientais) serviu a uma maior divulgação e apreciação da flora, de maneira a serem encontrados diversos exemplares de plantas nativas da Amazônia e da Mata Atlântica nos supermercados e floriculturas. Isso ainda não acontece com o Cerrado, tendo apenas lantanas, ervas-cidreiras e marantas-pena-de-pavão como poucos exemplares, e algumas espécies arbóreas.
Embora as árvores sejam vistosas, jardins são feitos, majoritariamente, por estratos baixos. Árvores e arbustos altos produzem sombras e interesses verticais, porém não preenchem o espaço do piso, onde a tapeçaria se desenvolve e podemos de fato ter um desenho. Assim, desenvolver pesquisas que abarcam a nativização da produção de forrações e herbáceas é vital para uma mudança de mentalidade e comercialização, servindo aos viveiristas e paisagistas de base a projetos que tenham plantas presentes e mais adaptadas a região (SIQUEIRA et al., 2021). A revisão dos estudos até agora feitos apresentam poucos ou zero testes de germinação, emergência ou propagação por estaquia de grande parte das espécies que vemos em campo, sendo o investimento neste processo uma ampliação das possibilidades de produção das apresentadas nos artigos anteriores ou mesmo um início de produção científica (MELLO, PASTORE, 2021).
Um exemplo disto foram os testes iniciais com a espécie Rabo-de-Pitú (Chamaecrista desvauxii) feitos na Prefeitura da UnB com auxílio da EMBRAPA e do Departamento de Engenharia Florestal da UnB (2024). Neste trabalho foram utilizados diversos tratamentos de fácil aplicação para verificar a germinação de sementes de Chamaecrista desvauxii, com a intenção direta de facilitação da produção em viveiro. Não se notou dormência ou influência da luminosidade para uma melhor ou pior germinação da espécie. Contudo, com base nos tratamentos feitos, a temperatura foi um fator importante para a germinação, com a variação de 5ºC tendo influído em 262% na média de protusão de radículas. O uso de água quente por um período longo (24h) sem secagem das sementes também demonstrou que a semente não tem resistência a patógenos fúngicos, sendo um tratamento não necessário. Assim, sugeriu-se a produção da espécie em sementeiras ou sacos para mudas em local com bom aquecimento (>25ºC) e, pela taxa de germinação apresentada, sem a necessidade de tratamentos prévios para se obter mais de 70% de plântulas, ficando com segundo critério a coleta correta de vagens
Este tipo de trabalho é o que se pretende com o projeto de extensão aqui exposto, no qual, com mais agentes, possamos intercalar conteúdos relacionados a preservação e uso sustentável do Cerrado, com a busca ativa por novas espécies aplicadas ao paisagismo, protocolos de produção e sua popularização no mercado, algo que permitirá ainda uma maior fluidez das atividades de preservação e manutenção do bioma.
Texto: Projeto de Extensão JARDIM COM CERRADO - PRODUÇÃO EM VIVEIRO